Meu coração da cor dos rubros vinhos
Rasga a mortalha do meu peito brando E vai fugindo, e tonto vai andando A perder-se nas brumas dos caminhos.
Meu coração o místico profeta, O paladino audaz da desventura, Que sonha ser um santo e um poeta, Vai procurar o Paço da Ventura...
Meu coração não chega lá decerto... Não conhece o caminho nem o trilho, Nem há memória desse sítio incerto...
Eu tecerei uns sonhos irreais... Como essa mãe que viu partir o filho, Como esse filho que não voltou mais!
Florbela Espanca"A Mensageira das Violetas"
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