 |
Se eu fora uma onda serena do mar;
Se eu fora uma rosa de prado relvoso,
Quisera essa coma, meu anjo, adornar;
Se eu fora um anjinho de rosto formoso
Contigo quisera no espaço voar;
Se eu fora um astro no céu engastado
Meu brilho, quisera p’ra ti só brilhar;
Se eu fora um favônio de aromas pejado
Por sobre teu corpo me iria espraiar;
Se eu fora das selvas um’ave ligeira
Meus cantos quisera p’ra ti só trinar;
Se eu fora um eco de nota fagueira
Fizera teu canto no céu ressoar;
Mas eu não sou astro, poeta, ou anjinho,
Nem eco, favônio, nem onda do mar;
Nem rosa do prado, ou ave ligeira;
|
MACHADO DE ASSIS
(In Marmota Fluminense, 14 ago. 1855)
In Poesia Completa - Dispersas, 1854-1939
Nenhum comentário:
Postar um comentário